Não,
eu não te agradeço,
solenemente
pela força retrógrada
aplicada ás vicissitudes
pétreas de uma vida em desespero,
não te agradeço
nem pela tua carne
nem pela tua baba
esnobo-te
pelos momentos calmos,
que morri tórrido em suor,
nu sobre tuas juntas,
no vapor doce e seco da concretização
volátil e tardia de nosso amor,
e logo em seguida
ressutar-me,
a pingar fogo!
...
do teu ventre ao mundo
e
do mundo
a esses teus olhos...
essa porra que empresta vida,
brada recorrente
uma inocência recatada
de um amor possível
ao alcance
dum olhar...
não,
não quero agradecer-te,
nada do que fez a mim
se aprendi algo,
podre
(e você sabe,
muito além de mim,
você sabe que
podre,
roto
é a essência,
pária,
do que não se quer ver)
se aprendi algo concreto contigo
foi a pérfida desrazão de um obrigado,
sempre reto,
desnecessário...
foi no abandono
de meus queridos
e etéreos
ésses
vês
éles
que os suprimi
pelo rosnar
rouco
dos teus érres
brutos,
rústicos,
truculentos,
esses que absorvi de tua fala...
tenho que parar de agradecer assim,
a esses cheiros,
sons e cheiros,
que retumbam
duros na superfície
oca
do sentido...
a tua lapidação
refez o homem
que quis,
no homem que quer
por isso,
e unicamente por isso,
eu não te agradeço,
nem hoje,
nem se o luar virar sorriso,
nem sendo o último suspiro,
como quis,
como quer,
como agora sou...
assim, do jeito que moldas-te
(e por isso mesmo,
obrigado...)
...
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